Alexandre Rancho - O Apóstolo de Murrupula

Mais uma das colunas da Igreja Ministerial de Base, da Diocese de Nampula, partiu para o céu.

Alexandre Rancho é uma pedra vivíssima e incontornável da história da Paróquia de N. Srª das Graças de Murrupula. Foi ele o Bom Pastor que congregou as ovelhas nas horas difícieis das proibições e das ameças.

Quando, na noite do dia 18 de Maio passado, regressando eu de Quelimane, o visitei na sua humilde casa das imediações da Missão de Murrupula, fiquei profundamente impressionado pela sua debilidade física.

Em jeito de consolação ainda lhe deixei o desafio de me escrever um seu testemunho sobre o seu itinerário de homem e de animador, para juntar ao de outros que "fizeram" a nossa Igreja de Nampula nos alvores da Independência do País. Pressenti que ele próprio já se sentia de partida, apesar de me ter prometido que apareceria na minha casa no Marrere.



A fotografia em cima, regista a sua intervenção na celebração do primeiro ENVIO dos 18 Animadores Paroquiais, na Festa do Pentecostes de 1982, na Catedral de Nampula, pelo Bispo Manuel Vieira Pinto, que nesta outra fotografia  "dá posse" a um outro Animador Paroquial - Simão, da Paróquia de Iapala, também já falecido.

 A postura física do Alexandre Rancho deixa entrever bem a sua energia espiritual e a força apostólica e pastoral com que cuidou das cerca de 80 comunidades que integravam, na altura, a paróquia e lhe foram confiadas pelo Bispo.

Acolhimento de refugiados de guerra


Percorria dezenas e dezenas de Kms visitando cada uma, de Xinga a Mulhaniwa. Tive a alegria de ser o Presbítero-assistente da sua Paróquia nos tempos duros da guerra civil e com ele partilhar os cuidados do zelo pastoral contra tudo e contra todos. À prova de bala!




Nada o deteve na sua dedicação pastoral: nem as ameaças do tempo do SNASP, nem os perigos das armas da guerra civil, nem mesmo os malditos naparamas.


Preparando uma comunidade para a celebração dominical


Foi um dos meus mestres permanentes, desde que, no Centro Catequético do Anchilo (1972/1973), me iniciou na língua e na sua cultura materna.


Com ele, e com tantos outros e outras como ele, fui aprendendo a ser padre numa Igreja renascendo, cada dia, no espírito do Concílio Vaticano II. Por ele e por todos e todas, celebro a Páscoa de cada dia! Em acção de graças!