A experiência da Igreja na Diocese de Nampula
no processo revolucionário e na guerra civil
Com 38 anos passados já pouca gente se lembrará do contexto revolucionário, marxista-leninista, que caracterizou a Independência de Moçambique.
Um nacionalismo eufórico e exaltante acabaria por atemorizar milhares e milhares de portugueses que abandonaram o país com todos os reflexos que isso teve sobretudo no aparelho económico. Nessa onda de medo saíram também cerca de 300 padres e 900 irmâs (escrevo de memória).
A Frelimo, identificando-se com o ideário marxista-lennista, seguiu uma política que, se não lhe quisermos chamar de perseguição, foi, pelo menos, de obstaculização sistemática das instituições religiosas. No nosso caso, católicos, tivemos mesmo várias expulsões, tendo sido eu o primeiro da primeira lista, logo em Outubro de 1975.
No resto do mundo pensava-se que, com a hemorragia dos cerca de 1200 missionário/as, a Igreja acabaria sufocada. Eu e outros não tivemos mãos a medir, na altura, a tentar corrigir tal pessimismo. Não poucas vezes teremos passado por ingénuos. A história mostra que o não éramos. Vivíamos de outro horizonte! Nele, e nas vicisstudes por que passava, graças ao “vento agressivo da Frelimo”, a Igreja Católica de Moçambique descolonizava-se e ganhava feições muito específicas, dignas de serem noticiadas para toda a catolicidade.
Foi isto que pretendi ao tratar de produzir, com outras pessoas, o livro Uma Igreja de Todos e de Alguém.
São experiências muito particulares e ricas na área delicada da consciência ética e moral que deixo como testemunho num outro caderno, agora dado ao público, sob o nome Penitência e Confissão dos Pecados - Porque sim? Ambos foram prefaciados pelo gigante da liberdade pastoral que foi o já
saudoso BispoAntónio Marcelino de quem eu, e muitas outras pessoas, ainda muito esperávamos e partiu para Deus no dia 9 de outubro de 2013.
saudoso Bispo